segunda-feira, 11 de abril de 2011

Como produzir um Assassino






   Passada a tempestade é que se pode analisar seus estragos. É comum estudar as conseqüências, para assim se chegar às reais motivações da causa. Difícil mesmo é compreender a mente humana e as complexas conexões cerebrais que motivam um indivíduo a agir de determinada maneira. Psicólogos, psiquiatras e estudiosos. Todos têm uma tese, para as câmeras, que se diga de passagem.

   Vamos então, à receita de como fabricar um assassino, um matador, um psicopata, um franco atirador, um treslocado, um covarde; enfim, um indivíduo nocivo à Sociedade.

   Primeiro, escolha uma pessoa do meio da multidão. De preferência  alguém que viva nas sombras, "que sente sempre lá no fundão", que nunca abra a boca para se defender de suas gozações e que seja tido como o "Zé Mané" do grupo. Feita a escolha, comece a incurralá-lo, escarneça dele, "mangue", exponhá-o ao ridículo diante de todos, zombe de suas qualidades, sua posição social. Esfreguem em sua cara que ele não passa de um "zero a esquerda" e que nunca será capaz de construir nada na vida.

   Continue o escarnecimento, e se possível, leve-o a desenvolver um quadro clínico de depressão ou um outro tipo qualquer de patologia relacionada a mente. Cerque esse indivíduo por todos os lados. Faça-o sentir-se o coitadinho; vez por outra troque a agressão verbal e psicológica pela agressão física. Deixe-o totalmente por baixo, fira-o no seu sentimento de masculinidade ou feminilidade, infernize a vida desse ou dessa miseravél. Faça dele ou dela um palhaço para divertir seu circulo de amizades.

   Pronto. Meio caminho andado. Esse será o empurrãozinho que faltava. A Sociedade se encarregará do resto, ela dará os motivos restantes. E se esse indivíduo tiver mais um pouco de predisposição, basta um motivo e o estopim irá estourar. Lógico que quando ele completar essa transformação você terá medo e não compreenderá de onde veio a pancada que o atinge. Você dirá que nada justifica a ação impetrada por esse indivíduo. E de certa forma, você estará certo, pois ele deveria ser forte o suficiente para não sucumbir ao fracasso.

   Na sorte, ele não te levará para o "olho da tempestade", nem um parente seu com ele. Na sorte. Isso não é a garantia de que você estará livre do rastro da destruição. E dependendo do quadro psiquiátrico e da predisposição assassina latente, você terá o gostinho de ver esse alguém por trás das grades. Entretanto, na maioria das vezes, o veremos imerso em uma poça de sangue. Com a massa encefálica misturada aos cadavéres de suas vítimas. E não haverá volta, ficando atrás dele a revolta e a pergunta que não quer calar: por quê?

   Essa será a hora de revisar atos e conceitos, e a hora de aparecerem os doutores, cientistas e tudo o que de mais hipócrita a Sociedade comporta. Tudo para explicar uma ação que podia ser evitada se aquele indivíduo tivesse sido "visto" por aqueles que o oprimiram e deram-lhe as armas ideológicas para agir assim.

   Nada justifica alguém armar-se até os dentes, matar inocentes e depois se matar. Mas, como dizia um amigo de longa data, "se um homem, em seu sótão, alimentar no peito um desejo bastante forte, ele poderá, daí, incendiar o mundo."

   Então, muito cuidado com o modo como estamos tratando nossos semelhantes. O aviso foi dado, e por favor, não ensaiem essa receita.

Frank Castle 

2 comentários:

  1. é frank... tudo isso é muito foda...o wellington sofreu bullying, alimentou mais ainda esse sofrimento em seu sótão e incendiou, não o mundo, mas uma escola de tal maneira que essa chama não vai se apagar tão cedo nas nossas mentes. Possivelmente eu seja um hipocrita e, mais ainda, um que aponte o dedo e diga "esse cara é um psicopata", mas vc tambem não acha que todo esse endeusamento que esta acontecendo com o Casey Haynes não seja, pura e simplesmente, uma enorme hipocrisia? sim porque, venhamos e convenhamos, ele explodiu em pura violencia!!! claro que esse exemplo é de menores proporções. mas e se, o bom e velho "e se", ele não tivesse reagido e acumulasse toda aquela raiva no sótão dele e explodisse de maneira desatrosa sera que teria tido toda essa repercussão? com a palavra frank castle...

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  2. Muito interessante a pergunta do Eric. Mas é também oportuna, pois a televisão gosta de explorar casos como esses, não para informar, pois informação, uma vez dita é suficiente. O que se vê é mais uma concorrência entre emissoras e o endeusamento de pessoas. Boa Eric! E aí, Frank?

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