sexta-feira, 15 de abril de 2011

Violência : um Estigma Social



   A violência tem múltiplas faces, entretanto todas apontam para uma questão: ela é um estigma social, e hoje, mais do que nunca tem se alastrado com força e rapidez. Não tanto como na Idade Média, mas com uma força assombrosa e capaz de danos irreversíveis por onde quer que encontre vazão.

   Ela pode ser doméstica, pode ocorrer em escolas, no campo, na rua e onde menos se espera. Hoje a coisa mais comum é ouvir que alguém foi violentado. Temos ainda a violência policial, e talvez uma das piores violências que o ser humano pode infligir a outro: a violência psicológica. Sob suas múltiplas faces, notamos uma Sociedade incapaz de reagir aos métodos violentos, pois essa mesma Sociedade impõe suas ideologias e seus valores também por meio da violência.

   Por mais que antropólogos, sociólogos e demais estudiosos digam o contrário, nossa Sociedade é vítima não somente dos indivíduos que a ferem, mas das suas próprias características intrísecas que impedem que o indivíduo "se realize" e assim possa ter um papel mais definido no contexto social. A mera distinção de classes sociais é uma espécie de estopim para a violência, por mais que esta seja injustificável, segundo a lei do livre arbítrio.

   Não é que todos que se sentem excluídos do seio da Sociedade, venham ou devam enveredar-se no submundo da criminalidade, porém sujeitos ao sistema social em que estão inseridos, muitos tem argumentos mais que suficientes para uma insurreição contra aqueles que os oprimem. Idéias de cunho comunistas e socialistas a parte, nossa Sociedade sofre ainda um grande mal generalizado. Ela ainda não foi capaz de compreender que muitas mazelas em seu seio podiam ser evitadas. Escolas hoje, todos têm acesso, entretanto só isso não é o bastante para incutir na mente do cidadão os reais valores de uma verdadeira cidadania. É preciso mais que isso.

   Ações isoladas do Estado ou da União jamais poderão barrar essa onda de violência que insiste em varrer o nosso País. Talvez seja fácil tirar traficantes de circulação, tomar-lhes as armas e trancafiá-los em penitenciárias onde farão o "doutorado no crime". Porém, com essa facilidade toda, nossos líderes se esquecem que o povo necessita mais do que isso. Moradia digna, saúde de qualidade, sistemas menos burocráticos que atendam todos com igualdade sem distinguir quem "é pé rapado" ou não. O uso de métodos violentos na resolução de problemas nunca foi, nem nunca será a solução; mas analisem o caso: o pai de família chega em um posto de saúde desesperado. Seu filho com quarenta graus de febre e sabe lá Deus o que mais. Ao entrar descobre que o médico se recusa a atendê-lo porque está "repousando". Se diante disso o pai desesperado explode num ato violento já temos aí um pequeno indício de onde ela surgiu.

   É certo que na maioria dos casos, o que vemos é uma espécie de violência gratuita, como ataques a moradores de rua, minorias étnicas, crianças, homossexuais, mulheres e outras classes que são afetadas por esse mal. Todavia, por mais que se busque uma raiz em outro lugar, o que notamos é que todos esses atos passam pelo modo como nossa Sociedade tende a tratar os indivíduos que dela fazem parte.

   Em última análise, o quadro violento do nosso país só terá um nosso delineamento, a partir do momento em que os responsáveis pelo destino da Sociedade tiverem uma visão mais aclarada da importância e da relação existentes entre os valores que estão sendo cultivados no meio social, e o como do modo como cada cidadão está sendo tratado em particular dentro desse sistema. É o primeiro passo, não apenas para compreender essa problemática, mas para dar novos rumos ao "ser social", e com isso mostrar-lhes novos horizontes onde a violência simplesmente não mais seja vista como a solução real para seus problemas.

James Francis Ryan

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