"Um gesto desses se prepara no silêncio do coração, da mesma maneira que uma grande obra."
Albert Camus
Os noticiários são um banho de sangue. As autoridades tentam solucionar a questão de todas as formas possíveis. Obviamente as rédeas para o controle do caos da violência foram perdidas, mas toda essa maldade e esse desejo de sangue está no interior do coração do homem. É lá que o mal está instalado.
O ser humano tem se distanciando substancialmente da finalidade de sua criação. Não que antigamente as coisas fossem diferentes, mas com o passar das eras o Homem deixou o mal enraizar-se profundamente em seu interior. É sabido de todos a existência de uma dualidade humana, porém os sentimentos negativos tem se apoderado com mais forças do ser humano. Assaltos, seqüestros, execuções sumárias, explosões de fúria e uma série de outras ações maléficas tem se alastrado pelo globo de uma maneira incontrolável. E assim o ser humano chega "a esta última curva em que o pensamento vacila." Entrega-se de corpo e alma à prática do mal.
Não há mais a visão da sacralidade da vida, e além de levarem os bens que em parte dão sentido a ela, agora levam-na também como prêmio. O assaltante não se conforma com os anéis, deseja também levar os dedos. E isso não tem nenhum significado para ele. É só mais um cadáver a tombar no asfalto frio. Ele vira as costas e segue em sua trilha de crimes e maldades. O vazio preencheu por completo esse ser, e no pensamento de que "nada tem a perder" arrebata a vida. Não é somente mais uma vítima a morrer, mas Deus que morre no coração desse indivíduo que julgou e definiu a sentença de seu semelhante.
Embora ainda crendo numa mudança, somos forçados a compreender - pelos piores meios - que "quando a fé se extingue, é Deus que morre, tornando-se doravante inútil." E nessa inutilidade os homens permitem-se os piores e mais detestáveis costumes e malícias. Simplesmente porque deixaram-se minar pelo mal da cobiça e perderam o elo com tudo o que significava vida. Não julguemos, pois ninguém pode sondar o coração de ninguém, e o único que o pode fazê-lo parece ter morrido nesses corações. Essa talvez seja a única explicação para toda essa carnificina hodierna.
A resposta para toda essa onda de maldade ainda não foi respondida, entretanto o caminho para sua compreensão talvez passe por esse princípio motriz: a falta de Deus ou de algo que possa significar um rumo certo na vida desses carrascos. Estamos esquecendo-nos de princípios simples e valores básicos. A responsabilidade pelo outro, a mística do Homem. E nesse esquecimento cada vez mais nos distanciando do porto seguro. Enquanto não pudermos olhar para o outro como nosso semelhante, e encontrar nele uma face em comum, coisas ruins continuarão e acontecer. E a Humanidade se dissolverá envolta em sua própria maldade.
Dafoe
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