sexta-feira, 4 de março de 2011

Traços de uma Nação


   Estamos aí às portas do carnaval. O brasileiro apronta sua fantasia, bota o bloco na praça e cai na gandaia. Passados os dias da folia de momo, tudo volta a ser o que era. O preto no branco, a violência nas ruas, a dívida nas costas, as mazelas da farra, mas depois de tudo: o gostinho de que tudo valeu a pena.
    Esse é o retrato da população brasileira. Acomodados nas nossas poltronas, achando que nada nos atinge ficamos a ver navios, enquanto que no  Congresso e nas muitas esferas administrativas rios de dinheiros são desviados. Aumentam a carga tributária, aliquotas e mais aliquotas, juros por cima de juro e tudo o que queremos saber é quem morreu na novela das sete; ou quem foi eliminado daquele reality show de sucesso onde a safadeza rola de montão.
   Estacionados diante dos televisores, acostumamo-nos a nunca questionar as medidas do governo e os reais interesses das programações televisivas. Aceitamos de bom grado os mandos e desmandos desses fanfarrões e fanfarronas de paletó e gravata, que todos os dias ganham dinheiro com a cara às nossas custas. Sanguessugas de cuecas cheia, mas não de excremento, mas de dinheiro tirado do bolso de tantos cidadãos honestos e trabalhadores. Aceitamos todo tipo de lixo nas ideologias incriptadas, e lançadas como veneno no seio dos nossos lares.
   Mas, quem pensar que estamos ligados nisso estará redondamente enganado. Pois o que nos convém é somente saber quem será o campeão do brasileirão, quando será o próximo jogo da fracassada seleção brasileira, quem é a próxima "sister" a pousar nua, qual a próxima atração daquele canal, qual foi o barraco da semana, qual foi aquela celebridade que escorregou na casca de banana, qual a data da próxima festa; enfim, o país que se afunde.
   Esse é o modo de vida dos brasileiros. Totalmente envoltos na vulgaridade, despreocupados com aquilo que realmente importa, mas profundamente ligados na vida alheia e no que se passa no ambiente dos famosos. Enquanto que graçam em nosso território a corrupção, a ladroagem, a violência e tudo quanto não presta.
   E a nação todinha na frente do televisor, engolindo as mentiras mais deslavadas, cultuando os deuses da mídia enquanto afundamos na lama e os estrangeiros tomam conta de tudo. Esse é o futuro que estamos construíndo para os nossos filhos e para os filhos dos nossos filhos.
   Um povo inteiro comandado pelos cabos da televisão, completamente refém de programações manipuladoras e sem dúvida alguma, totalmente desligado da realidade e incapaz de distinguir o certo do errado. Enfim, um comboio de marionetes. Nada mais.

(...)  

Dafoe  

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