quinta-feira, 5 de maio de 2011

Chuvas e Enchentes, Desgraça Alheia e Promoção Pessoal

     A chuva é uma dádiva, não resta nenhuma dúvida, mas em excesso causa estragos e traz transtornos inigualáveis. Que o diga quem já sofreu perdas por causa das enchentes, assunto freqüênte nos noticiários nos últimos.

   Mas o que chama a atenção, não são somente os estragos causados pelas torrentes de água. Boa parte desses transtornos poderiam ser evitados. Ações simples, vindas em primeira instância do cidadão, poderiam minorar esses problemas. Por exemplo: ao invés de jogar lixo a céu aberto, e em vias públicas, seria mais fácil fazer a coleta seletiva desse material. Assim, esse lio não iria parar nas "bocas de lobo" na primeira enxurrada, e consegüentemente elas ficaram livres para escoar o grande volume de água das chuvas que caem todos os dias nas grandes cidades do nosso país.

   Uma idéia simples, uma atitude cidadã e politicamente correta.

   E falando em política, lamentavelmente a coisa não toma novos rumos porque os representantes do povo nunca dão a devida importância os problemas da população. Há lugares que todo ano a situação se repete. Alguns Estados da Federação já estão calejados com as desgraças decorrentes das inundações. Agora nos perguntamos: por que sempre acontece a mesma coisa e nunca solucionam o problema, apenas vão remediando-o?

   A resposta é simples. E dupla.

   A primeira. Todo político sabe que a desgraça do povo irá refletir seus anseios. Que a população irá procurá-lo para resolver a situação. Ele sabe também, que desgraças coletivas são um grande meio de promoção pessoal e possibilidade de nova reeleição. Assim, quanto mais ele enrolar o povo, e maquiar a situação, mais em débito com ele a população fica. E o "bom político" com certeza irá chegar na hora da necessidade, mas nunca fará a obra por completo. Ele age com base no princípio do professor astuto que pensa consigo: "ao meu aluno ensinei tudo aquilo que ele sabe, mas não tudo aquilo que eu sei."

   A segunda. O povo não reivindica seus direitos, não sabe se organizar e muito menos pensa na coletividade. Basta o político arrumar um canto para o camarada e a família ficar, uma cesta básica, alguns cobertores de quinta categoria e a promessa de um "bolsa aluguel" e pronto. O eleitor tá ganho e a situação está contornada. A enchente passa, a água baixa, ele volta pra casa e no próximo ano é o mesmo lenga-lenga. Enquanto isso, o "bom samaritano", a quem o cidadão ficou "devendo" o favor, está acomodado em sua mansão livre dos incômodos de uma nova catástrofe. Apenas esperando que ela aconteça novamente e afete as suas "ovelhas."

   Quem achar que isso é uma piada, ou crítica sem fundamento, basta verificar a situação das populações que sofrem todos os anos com esse problema. E para constatar o que digo, é só se dirigir a uma comunidade afetada e ver o que está sendo feito por aqueles que estão sofrendo com as cheias. Isso é Brasil, e infelizmente, nada muda. Talvez seremos eternas ovelhinhas aguardando a desgraça no redil, reféns de políticos corruptos e sem compromisso, e que só têm a ganhar com as desgraças que nos acometem.

 Dafoe


   

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