segunda-feira, 16 de julho de 2012

Poesia Humorística e Popular


A MORDOMIA DE UM BODE
Luís Campos*
Poeta repentista

Quem não conheceu Tonico
Conhecê-lo agora pode
Porque Tonico é um bode
Que ganhei de um homem rico
Sem me cobrar nem um tico
Amigo bom é aquele
Depois que recebi ele
Remexi no meu tesouro
Peguei um cordão de ouro
Botei no pescoço dele.

Comprei mais um par de luva
De etiqueta de fama
Para proteger da lama
Quando for época de chuva
Uma bota cor de uva
Botei na pata traseira
Lhe vacinei de bicheira
De carbúnculo e queixo inchado
Agora tá vacinado
Para o resto da vida inteira.

Eu vou dizer o que é
As comidas que ele come
Quando ele está com fome
Creme Craque no café
É sorvete, é picolé
No almoço é abacate
Cenoura, chuchu, tomate
Beterraba e pimentão
E no fim da refeição
É chimarrão ou chá mate

A Tonico eu quero bem
Ele me tem como pai
Se eu mando Tonico vai
Se eu chamo Tonico vem
Não faz conta de ninguém
Usa perfume francês
Vai ao clube todo mês
E tem mais um privilégio
Vou lhe botar num colégio
Pra ele estudar inglês


Tonico pra estudar
Tem a maior vocação
Fez curso de natação
Tirou primeiro lugar
Passou no vestibular
Tá cursando faculdade
Pela força de vontade
Que ele demonstra ter
Brevemente ele vai ser
Prefeito desta cidade

Eu já vivo encabulado
O que mais eu acho estranho
Bode não gosta de banho
Porém Tonico é chegado
Só anda bem penteado
Toda semana é um pente
De manhã escova o dente
Passa tabu no bigode
Que penso até que este bode
Termina virando gente.

Gosta de orla praiana
E possui mais um biquíni
Que comprei no magazine
Das lojas pernambucana
Todo final de semana
Vai à praia tomar sol
Toma quatro ou cinco skol
Pratica esporte moderno
E agora comprou um terno
Que é pra jogar futebol

Eu nem sei como me explico
Já fui rico hoje sou pobre
Não há dinheiro que sobre
Depois que adotei Tonico
Às vezes pensando fico
Agora a coisa tá ruim
Hoje em dia tá assim
Eu não posso ele é quem pode
Em vez deu mandar no bode
O bode e quem manda em mim

Tonico é civilizado
Só faz as coisas na linha
Só transa com camisinha
E tem ódio de veado
Só toma uísque importado
Só quer produto estrangeiro
Quem comia marmeleiro
Ervança e cambão de milho
Hoje nem parece o filho
Dum bode pai de chiqueiro.

***

* Luis Campos é um poeta repentista da cidade de Mossoró/RN

Postado por Dafoe

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