Vim
a saber que não são da mesma essência a aceitação do risco de morte e a
aceitação da morte. Conheci gente moça que desafiava superiormente a morte. E,
em geral, é porque havia mulheres para os aplaudir. É tão agradável voltar da
guerra e receber os cânticos que brilham nos olhos das mulheres! Vale a pena
aceitares a prova do fogo em que pões em jogo a tua virilidade. Só aquilo que
ofereces e corres o risco de perder, existe verdadeiramente. Ninguém melhor o
sabe que os jogadores. Olha como eles arriscam a fortuna aos dados. Embora ela
nesse momento não lhes sirva de nada, surge como garantia de um dado. Naquela
mão que deita os cubos de ouro em cima da mesa grosseira, essa fortuna assume
um caráter patético. E os dados desenrolam sobre a mesa as planícies, as
pastagens e as searas da tuo domínio.
O soldado regressa, pois, envolto na luz
da sua vitória, o ombro ajoujado ao peso das armas que conquistou, talvez mesmo
floridas de sangue. E ei-lo brilhando, só por algum tempo talvez - uma pessoa
não pode viver da vitória. Mas mesma assim por algum tempo.
A aceitação do
risco de morte é, portanto, aceitação da vida. E o amor do perigo é o amor da
vida. Da mesma maneira que a tua vitória era o teu risco de derrota vencida
pela tua criação. Já viste alguma vez o homem orgulhar-se de ser vencedor dos
animais domésticos? É que ele os domina sem risco algum.
Se eu quiser fazer de
ti um soldado fértil para o império, exijo-te mais alguma coisa. No entanto, há
aqui uns umbrais difíceis de franquear: uma coisa é aceitar o risco de morte,
outra coisa aceitar a morte.
Cidadela CXC
***
Por James Francis Ryan
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