É com bastante alegria que apresentamos aos Amigos e Leitores um novo colaborador da ACIR. Na verdade, a ACIR é que sente-se honrada em ter a permissão de trazer para nosso espaço os Textos do Frei Clemente Rojão.
Segue seu primeiro post, com algumas modificações estéticas, mas palavras do amigo Frei Clemente
Forcas Caudinas
Na segunda guerra samnita, num
brilhante lance de tática militar, o exército romano foi encurralado pelos
samnitas, povo do sul da Itália guerreiríssimo de valor semelhante aos romanos.
Os romanos ficaram presos no desfiladeiro das Forcas Caudinas, com samnitas
fechando as duas saídas e montando guarda por cima das escarpas inacessíveis.
Ou seja, poderiam matar todos os romanos com segurança lá de cima. Os samnitas
deram um ultimatum aos romanos, que se rendessem e fizessem a paz, já que era a
primeira vitória contra os romanos que conseguiam em anos (haviam perdido a
Primeira Guerra Samnita).
Tito Lívio conta que o pai do general
samnita aconselhou o filho a matar todos os romanos, assim eles teriam a paz já
que os romanos ficariam sem exército. O general achou crueldade extrema. Então
seu pai o aconselhou a que deixassem os romanos sair tais quais, em anistia,
sem humilhação, com tudo o que tinham. O general seu filho também não
concordou, queria humilhar os romanos. O pai previu então que os samnitas ainda
levariam a pior, porque iriam apenas humilhar os romanos, que voltariam com
mais gana de se vingarem. Ou fizessem o mal exterminando os soldados ao ponto
dos romanos não conseguirem contra-atacar por estarem sem exército, ou fizesse
o bem, pagando os romanos a guerra com tanta magnanimidade que nenhum romano
teria mais coragem de atacar um povo tão bom. Mas nunca deixar homens vivos e
humilhados.
Putin, nem sua sombra fica de costas para ele
Os samnitas forçaram
o cônsul romano a assinar um tratado de paz para salvar o
exército. Sob intensa humilhação, os soldados romanos foram despojados de
suas roupas e vestes, voltando nus para Roma, numa cerimônia celebrando a
sujeição deles aos samnitas. Os romanos receberam bem seus soldados, que
ficaram em suas casas vivos mas mortos de vergonha.
Uma vez com a tropa em casa, coberta de
vergonha, o Senado Romano não ratificou o tratado de paz com os samnitas, já
que o cônsul romano, ainda que fosse o "presidente" da
República, não tinha autoridade para assinar a paz sem o Senado. E tratou de
armar de novo aquele exército humilhado, cujos soldados estavam sedentíssimos
por vingança. O exército romano voltou a atacar os samnitas que em vão
reclamavam que o tratado de paz estava sendo violado. A vitória romana foi
certeira e decisiva, e de vencedores os samnitas foram subjugados e
passaram pela mesma humilhação que fizeram aos romanos. Anos depois, na
terceira guerra Samnita, os romanos os destroçaram e derrotaram de vez,
anexando às terras samnitas ao Império Romano e acabando com sua independência.
Ou seja, o governo ucraniano se viu na mesma
contingência que os romanos: seus soldados estavam presos em suas bases, seriam
exterminados pelos russos se resistissem, haviam perdido toda a marinha, e a
província estava coalhada de inimigos. Para que seriam mortos a toa? Deixem os
russos ficarem com meia dúzia de fuzis velhos! Que os soldados ucranianos
voltem, ainda que virtualmente nus, para casa para se rearmarem e defenderem a
Ucrânia de uma invasão russa a leste... ou mesmo se prepararem para dar o troco
nos russos. Para que morrer a toa, se poderiam escapar? Ganha a guerra quem se
permite lutar no outro dia. Mais vale para a Ucrânia estes homens vivos para
voltarem a lutar que mortos. A Rússia já têm a Criméia por mão militar com eles
vivos ou mortos. Pelo menos os ucranianos se permitem terem mais homens a
defender a pátria. A Ucrânia precisa resistir para entrar na União Européia e a
OTAN, ai ficará intocável, como intocáveis estão as historicamente
invadidíssimas Polônia e Lituânia (gato escaldado por russo tem medo até de
vodca gelada!).
Fez bem a Ucrânia. Engula-se o orgulho
e sobreviva-se o exército para lutar um outro dia.
Mas não acredito, como diz o Obama, que
a
Rússia invadiu o vizinho porque perdeu e está fraca. Que fraqueza é esta
que tunga uma província do vizinho? Então a Alemanha em 1939 estava
fraquíssima, fraca demais por invadir a Áustria, a República Tcheca,
perdidamente fraca por invadir a Polônia e a França! Fraca
demais! Praticamente morta de fraqueza. Parece a lógica daquele cara que
leva um murro quebrando seu nariz e se gaba de ter sujado de sangue seu
agressor. Rá, rá, rá, a Rússia está fraca mas tungou a Ossétia do Sul, a
Abicásia, a Transnístria e agora
a Criméia, rá rá rá, que fracotes!!! Imaginem quando invadir a Ucrânia
continental mesmo, pfff, fraqueza demais!!!
Editado e postado por Maximus Decimus Meridius
Fonte:
http://freirojao.blogspot.com.br/2014/03/a-crimeia-e-nova-forcas-caudinas-ou.html?showComment=1395945169813#c2895908996888855186