" Olhem para a
pedra e vejam como ela pesa. Ei-la rolando para o fundo da planície,
colaboração de todos os grãos de pó que a constituem e pesam todos para o mesmo
fim. Olhem para a água no depósito. Apoia-se contra as paredes e aguarda as
ocasiões. Virá o dia em que chegará a ocasião. E a água pesa incansavelmente
noite e dia. Dá toda a impressão de dormir e, no entanto, vive. Ei-la que se
põe em marcha, que se insinua, à menor fenda que encontra. Dá com o obstáculo,
contorna-o se lhe for possível. Se o caminho não leva a uma nova fenda que lhe
abra outro caminho, parece regressar de novo ao sono. Longe dela, no entanto,
desperdiçar ocasião que outra vez surgir. E, por vias indecifráveis, que
calculista algum teria imaginado, uma leve pressão terá bastado para esvaziar o
depósito das vossas provisões de água."
Antoine de Saint-Exupéry; Cidadela XV
***
Por Dafoe
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