"Resolvemo-nos a tentar o efeito do canto dos
poetas sobre este exército que começava a dividir-se. Mas acontecia o seguinte
prodígio: os poetas mostravam-se ineficazes, os soldados riam-se deles.
- Que
nos cantem as nossas verdades. O jato de água da nossa casa e o perfume da
nossa sopa do jantar. Não nos importam essas tolices!
Foi então que eu
descobri esta outra verdade: o poder perdido jamais se encontra. A imagem do
império tinha perdido a fertilidade. As imagens morrem como as plantas, quando
o poder se gastou e elas não passam de materiais mortos, prestes a se
dispersarem, e de húmus para plantas novas. E me afastei para um lugar à parte,
para refletir sobre este enigma. Porque nada é mais verdadeiro nem menos
verdadeiro, mas sim mais eficaz ou menos eficaz. Deixara de ter nas mãos o nó
milagroso da sua diversidade. Escapava-me. E o império se deteriorava como que
por si próprio. O cedro, quando a tempestade lhe quebra os ramos e o vento de
areia o enrijece e ele cede ao deserto, não é que a areia se tenha tornado mais
forte, foi ele que renunciou e abriu a porta aos bárbaros."
***
Por Casey Ryback
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