Há quem diga que a felicidade é eterna, e quem discorde, afirmando-a passageira; mas o que ninguém nunca diz é como e onde encontrá-la. E por mais que surjam idéias, ela sempre será um eterno paradigma, pois até hoje ninguém a definiu como realmente ela merece, ficando assim em nossa mente a dúvida e a interrogação.
Já é sabido de todos, que tudo nessa vida tem seu preço, tudo sem exceção; e a felicidade, assim como o amor e os demais sentimentos passam pelo mesmo crivo. Mas qual seria o preço da felicidade, já que a buscamos constantemente,embora ela esteja tão próxima e não a enxergamos? O grande problema, talvez não seja responder qual o preço, mas o que fazer para alcançarmos a tão sonhada felicidade.
Muitos filósofos, pensadores, santos e pagãos já apontaram o caminho; todavia, sempre ficamos perdidos no emaranhado de teorias e nunca nos questionamos sobre esse assunto, e acima disso, o impacto que ele causa em nossa vida.
Por mais que nunca percebamos, a felicidade é algo que não se encontra nas coisas exteriores ou em bens que conquistamos. Isso é importante, mas não chega a ser essencial quando não sabemos definir com clareza a sua finalidade. Muitos perdem o foco da caminhada porque simplesmente "realizaram o sonho", mas o vazio permaneceu, e a tão desejada felicidade não passou de fumaça que foi levada pelo vento do correr dos dias e do acaso que atropela a nossa vida.
E por mais que a busca continue, a pessoa nunca se satisfaz e a procura torna-se um fardo e uma obcessão cada vez mais ferrenha e avassaladora, o que faz com que o indivíduo se desespere e como conseqüência, venha a crer que ser feliz é algo inatingível. Tudo isso porque nunca se consegue ver esse detalhe: a felicidade é troca!
"A vida não tem sentido se não nos trocamos pouco a pouco. A morte do jardineiro não é uma coisa que lese uma árvore. Mas, se tu ameaças a árvore, então o jardineiro morre duas vezes." A felicidade se conquista quando o homem se doa, e talvez, o maior preço seja esse. A capacidade de construir a vida e ao mesmo tempo ajudar outros a construir também a sua. Não por interesse, como se vivéssemos numa eterna dependência, mas numa eterna troca onde nos doamos com o único intuíto de construir o semelhante. "Felicidade o que é senão o calor dos atos e o contentamento da criação?" E assim nesse ciclo de dar e receber, conduz-nos aos pórticos da felicidade, pois "é justo que eu receba ao mesmo tempo que dou, para poder continuar a dar."
Nessa perspectiva, então, o preço irá encontrar-se aí: na alegria ou na tristeza da troca. Quando nos percebemos como um dente na engrenagem, e quando buscamos no nosso interior as razões maiores para efetuar essa troca. Assim as conquistas fazem sentido, o dinheiro toma forma e os bens significado. Só quando coloco essas conquistas a serviço do outro, quando me sinto útil, a felicidade bate a nossa porta.
Assim, o maior desafio nessa busca será a aceitação das conseqüencias, pois nunca teremos uma visão aclarada dessa troca, sem dúvida sempre haverá momentos em nos questionaremos: tem sentido doar-me tanto por tão pouco? ou então: qual o sentido de ajudar na construção do outro, se ele faz pouco caso das minhas ações?
Realmente, fica no ar mais esse questionamento. Se a felicidade está no interior, no nosso interior e nas ações que desempenhamos para ajudar nossos semelhantes, como reagiremos se dessa troca não tivermos o retorno esperado? Esse talvez seja o preço real da verdadeira felicidade que tanto procuramos.
(...)
Dafoe